FBDE Consultoria Empresarial

Delegar sem deletar: a chave do seu sucesso

Caro leitor,

 

Tenho certeza de que você já se deparou com inúmeros livros, revistas e textos na internet relacionados ao tema “como delegar poder nas empresas”.

Geralmente, estes artigos se limitam a indicar “o que” e “para quem” delegar, ou seja, estão focados em definir quais compromissos podem ser outorgados e quais são os profissionais ideais para assumi-los. Tudo isso é feito, caro leitor, para evitar falhas que possam comprometer a gestão dos negócios e o bom funcionamento da empresa.

À primeira vista, o processo parece simples e até mesmo mecânico: basta seguir os passos indicados para alcançar o sucesso. Entretanto, a questão é muito mais complexa. Muitas vezes, um dos pontos mais fundamentais desta discussão sequer é levado em consideração: trata-se da responsabilidade de quem delega.

Quando falamos em delegação, não podemos confundi-la com omissão. Assim, não podemos perder de vista que, ao delegarmos, apenas passamos atividades e compromissos para outras pessoas, mas isso não significa que elas não são mais nossa responsabilidade.

É comum observarmos, caro leitor, que diversas empresas – movidas pela força de um mercado que enfatiza, e estimula, a descentralização e a gestão participativa – transformam a delegação, algo útil e necessário, em um ato de entrega.

Afinal, quem de nós já não ouviu, até mesmo em reuniões de diretoria, algo semelhante a: “O assunto está entendido? A tarefa agora é sua! Quanto a mim, vou deletar”. A princípio, pode parecer uma simples força de expressão, não é mesmo? Mas, no fundo, espelha o que vem acontecendo em alguns ambientes corporativos: as pessoas passam a trabalhar num sistema paralelo à orientação formal da empresa, assumindo cada qual uma responsabilidade e agindo de maneira isolada.

Dessa forma, leitor, a organização começa a substituir estratégias e ações coletivas, baseadas na inter-relação de funções e compromissos, e passa a depender de competências individuais. Neste cenário, cria-se o culto à personalidade, no qual o indivíduo passa a ser insubstituível, já que uma determinada tarefa é de sua inteira e total responsabilidade.

Quando isso corre, a empresa passa a ser refém da ação individual. A partir daí, graças à pulverização das decisões e ausência de corresponsabilidade, temos um processo de desintegração e fragmentação do poder. A empresa perde a disciplina, os valores e, consequentemente, as estratégias se tornam dispersas.

Perceba, meu caro, que, neste ambiente, não há unidade de parâmetros ou fio condutor. Cada profissional dedica um esforço sobre-humano para construir uma obra a qual ele não conhece o projeto.

E qual o principal sintoma para chegarmos a esse diagnóstico? A ausência de lideranças comprometidas a absorver, de forma estruturada, teorias de gestão modernas. Assim, os profissionais elegem prioridades a partir de critérios pessoais – nem sempre alinhados com os objetivos e expectativas dos acionistas da organização.

O que quero dizer, leitor, é que é preciso delegar. Entretanto, o sucesso de qualquer projeto quase sempre é o resultado de ações coletivas e integradas – ações essas que, recordando palavras do escritor mexicano Doménico Cieri Estrada, podem trazer agradáveis surpresas e, entre elas, o surgimento de forças e oportunidades que não havíamos imaginado até então.

 

Até a próxima Carta do Mês!

 

Denis Mello

Diretor Presidente

FBDE|NEXION Consulting

Pequisar

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