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Reféns da comunicação virtual

São Paulo, 13 de maio de 2021

Caro leitor,

 

Reféns da comunicação virtual

Diante dos delírios da contemporaneidade, me lembrei de certa vez em que, ao visitar uma exposição das fabulosas invenções de Leonardo Da Vinci, li uma frase que me fez refletir sobre a tendência equivocada de valorizarmos a complexidade: “A simplicidade é o último grau de sofisticação”. Diante disso constatei: para nos comunicarmos atualmente, em face de tanta tecnologia, acabamos esquecendo o simples e natural ato de falar.

Abandonamos a conversa e nos tornamos reféns da comunicação virtual, em nome de uma agilidade que em muitos momentos causa distanciamento, esfria relações e desestimula o comprometimento.

O principal sintoma desse quadro está na pouca importância dispensada às reuniões, que foram perdendo frequência, pauta e objetividade. Enfim, passaram a ser vistas como atividade inútil que só nos leva a perder tempo, propiciando uma visão que provoca um movimento contrário ao da integração. Um movimento fortemente predatório aos esforços voltados à busca por maior participação e envolvimento.

Os encontros que promovem a interação de metas, a discussão de diversos pontos de vista, o intercâmbio de opiniões e as resoluções conjuntas foram substituídos pela asséptica troca de informação via computador. Hoje, o WhatsApp é a “voz” de diretores, gerentes e parceiros de negócios. E ainda reproduzimos essa relação impessoal no contato com clientes. Como podemos falar em compromisso, em empresas onde cada computador é um cartório que garante documentação burocrática e defensiva, caro leitor? Como nos beneficiar da criatividade, se nos falta espaço para exercermos a imprescindível liberdade de pensamento e exposição de ideias?

Certamente, nós dois concordamos que o conhecimento e a informação são recursos estratégicos para o desenvolvimento, como afirma Peter Drucker. Mas não podemos esquecer o ponto fundamental da ideia defendida por um dos mais renomados pensadores da administração: “os portadores desses recursos são as pessoas”.

Portanto, é preciso rever valores, meu caro leitor. As reuniões são úteis, sim. A produtividade criativa depende de procedimentos simples e naturais, como defende Da Vinci. Então, o primeiro passo que você deve dar é agendar a próxima reunião e comunicar que elas estão voltando pra valer. Basta bom-senso para encaminhar uma reunião eficaz e objetiva entre pessoas preparadas para discutir os temas que realmente interessam. Com essa mudança de cultura, meu leitor, certamente, renascerá o valor do contato humano em seu negócio. E isso resultará em uma responsabilidade coletiva, disposição para assumir riscos, ousadia e criatividade participativa.

 

Pense nisso e até a próxima Carta do Mês.

 

Denis Mello

Diretor Presidente

FBDE|NEXION Consulting

Pequisar

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